ESTUDO DE CASO

"Santa Rosa é um município da Região Nordeste que possui 30.000 habitantes e que sempre viveu da produção de sisal. Durante muitos anos, as cordas eram feitas de sisal, inclusive as usadas em todos os navios do mundo. No entanto, com o aparecimento de cordas de nylon, houve uma enorme queda na compra do sisal, o que causou um empobrecimento muito grande de Santa Rosa. Próxima ao mar e ligada ao turismo, Santa Rosa não conta com a infra-estrutura adequada às suas necessidades: as estradas estão mal-conservadas, o sistema de abastecimento elétrico é deficiente e o saneamento básico ainda é precário. Este panorama, porém, está se modificando, ainda que lentamente. Desde 1990, estradas federais e estaduais começaram a passar próximas à cidade, facilitando a venda da produção local e a chegada de produtos e turistas na cidade. O turismo é predominantemente o “turismo de pacote”, onde agências de outras cidades criam pacotes que incluem: passagem de ônibus, passeios e hotel a preços baixíssimos. Tais pacotes atraem principalmente turistas que não têm muito dinheiro, que pouco frequentam restaurantes e bares e, no máximo, compram algum artesanato. Em vista disso, as associações de lojistas e o sindicato dos motoristas de táxis já apresentaram na Câmara Municipal um projeto para alterar o tipo de turista que a cidade deve receber. Os lojistas querem o que eles chamam de “turistas de primeira classe”, e apontam a sujeira nas ruas como o principal problema para o crescimento do turismo. A prefeitura da cidade começa a ter recursos para manter os serviços de limpeza e conservação das ruas e praças, para manter os serviços de iluminação pública e para fazer a manutenção das escolas primárias e dos Unidades de Saúde da cidade. O sistema público de ensino ainda é insuficiente, existindo três escolas de Ensino Fundamental e somente uma de Ensino Médio. Os adolescentes reclamam que faltam professores e vagas nessa escola, a cada ano têm que enfrentar enormes filas para poder, se matricular. E os que querem fazer faculdade precisam ir para outras cidades para poder estudar. Outra reclamação dos adolescentes é a falta de ensino profissionalizante e a falta de bons empregos; não existem indústrias nem muitas empresas que possam contratá-los. Para o lazer há vários bares e, é claro, a própria praia. Quanto à saúde pública, há uma equipe de Saúde da Família, duas Unidades de Saúde e uma maternidade. Não há nenhum hospital, mas no município vizinho há um hospital grande que é referência no tratamento de portadores de doenças sexualmente transmissíveis, como a Aids. Muitas coisas precisam ser melhoradas em Santa Rosa para que a população se desenvolva e, a seu favor, conta com algumas associações de bairro atuantes que têm se preocupado com o crescimento do número de adolescentes grávidas no município e que, muitas vezes, acabam largando a escola antes mesmo de completar o Ensino Médio. O aumento do consumo de drogas entre adolescentes, principalmente o álcool, também tem preocupado os moradores de Santa Rosa".

(BRASIL, 2000).