Atravessamos um momento da história em que a forma de atuação das instituições públicas está colocada em cheque. O formato tradicional dessas instituições parece não responder mais à crescente complexidade econômica e social bem como, e principalmente, aos desafios propostos pela globalização econômica; pelas inovações que as tecnologias da informação, a internet e as redes sociais representaram para o cotidiano das pessoas, do Estado, da sociedade e do mercado; pela crise da hegemonia política e econômica norte-americanas; pelo aumento global da desigualdade; pelas seguidas crises do capitalismo e pelo binômio guerras civis/migração em massa. Os conflitos sociais e a insegurança parecem aumentar a cada dia. A intolerância avança alicerçada pelo desemprego, pela pobreza, pelo terrorismo, pelo crime organizado e, enfim, pela desesperança de boa parte dos cidadãos que habitam o globo.

Em meio a isso, os sistemas político-eleitoral e de governo; os partidos políticos; a democracia representativa; os direitos fundamentais; a separação de poderes; o federalismo; o sistema burocrático-hierárquico das organizações público administrativas; o modo de funcionamento dos tribunais; o papel a ser desenvolvido pelas agências reguladoras; a segurança pública, bem como o sistema penal e carcerário; os serviços públicos em geral, especialmente os de educação e saúde; o funcionamento Legislativo, entre muitas e muitas outras instituições políticas, encontram-se em profunda crise. Parecem desatualizados. Parecem reclamar a ampla revisão no seu modo de funcionamento, para que não se tornem absolutamente incapazes de responder às crescentes e complexas demandas do grave quadro aqui relatado.

Daí decorre a importância da atividade ora proposta, na qual difusão cultural e extensão universitária se mesclam, para busca a aproximação da Universidade com autoridades públicas; profissionais do mercado; professores e pesquisadores de outras áreas do conhecimento; jornalistas; artistas; representantes de partidos políticos e de organizações da sociedade civil, entre outros, com a finalidade de identificar e discutir soluções para os problemas nacionais e globais relacionados à governança pública. O nome da atividade proposta praticamente revela o seu conteúdo: “diálogos”, traduz a pretensão de buscar-se, por meio do contato pessoal e do livre debate de ideias, com pessoas experientes e atuantes em diferentes setores da vida social e da economia, uma aproximação entre a Universidade e os graves problemas da atualidade, na perspectiva de sua superação. A expressão “governança pública”, por seu turno, busca ligar essa reflexão à necessidade de repensar o papel e o funcionamento do setor público: da Administração, do Legislativo e do Judiciário, debatendo objetivos e estratégias de superação da crise atual.

Tendo em vista a priorização do diálogo como elemento central desta atividade de extensão, em 2021, o Diálogos sobre a Governança Pública – DGP se configurará primordialmente como um grupo de trabalho organizador de webinares a serem realizados com figuras relevantes no panorama nacional e internacional, que componham debate construtivo e enriquecedor sobre as mais diversas vertentes do tema da governança pública, por meio de diferentes vieses, como o viés acadêmico, político, técnico etc. Os palestrantes a serem convidados, o tema de discussão e a agenda de eventos serão coletivamente definidos pelo grupo. Cada webinar será precedido de material de divulgação a ser produzido pelos alunos, bem como resultará na elaboração coletiva de relatórios e artigos opinativos que serão preferencialmente compartilhados com o público via imprensa ou academia, a fim de publicizar e fomentar o debate sobre temas de governança pública.

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